Introdução
Neste ano, celebramos o sexagésimo aniversário da concessão do Prêmio Nobel da Paz a Lester Pearson, um marco muitas vezes esquecido em meio à agitação diplomática que precedeu a Reunião Ministerial da Defesa da ONU, em Vancouver. Pearson foi agraciado por seu papel crucial na resolução da Crise do Canal de Suez e na criação da Força de Emergência das Nações Unidas (UNEF), a primeira operação de manutenção da paz da organização mundial. Este aniversário oferece uma oportunidade para revisitar o passado pacifista do Canadá e contemplar seu futuro envolvimento nessa atividade vital da ONU.
A Crise do Canal de Suez e a Intervenção do Canadá
A Crise do Canal de Suez surgiu da influência colonial de longa data da Grã-Bretanha e da França na operação do Canal, juntamente com a decisão do Egito de nacionalizá-lo em 26 de julho de 1956. O Primeiro-Ministro britânico Anthony Eden, indignado com o Presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, planejou secretamente uma guerra aberta com Israel e França. Pearson, então secretário de Estado para Assuntos Externos do Canadá, emergiu como uma figura central ao propor, na Assembleia Geral da ONU, a criação da UNEF para restaurar a paz na região.
O Reconhecimento Internacional e o Prêmio Nobel da Paz
A rápida resolução da Crise do Suez pela UNEF, liderada por Pearson, solidificou o prestígio do Canadá no cenário internacional. As críticas iniciais à participação canadense, especialmente por parte de jornais conservadores, deram lugar a um reconhecimento internacional quando Pearson recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Este feito não apenas consolidou a posição do Canadá como defensor da paz, mas também impulsionou a carreira política de Pearson, tornando-o o único canadense a receber tal honra.
O Legado e Identidade Nacional
O sucesso da UNEF durante a Crise do Suez marcou os anos 1950 como o apogeu da influência internacional do Canadá, com Pearson sendo um símbolo desse "período de ouro" na política externa. Este episódio contribuiu para a formação da identidade nacional canadense, especialmente fora do Quebec, associando o país ao papel de destaque nas operações de paz da ONU.
O Compromisso Contínuo do Canadá com a Manutenção da Paz
O interesse renovado do governo canadense nas operações de paz da ONU, destacado pela promessa de apoio adicional com 600 membros das Forças Armadas, é uma oportunidade crucial. No entanto, a relutância em implantá-los no exterior precisa ser superada para cumprir efetivamente os compromissos. As atuais operações de manutenção da paz em Mali, República Centro-Africana, Sudão do Sul e Colômbia demandam a contribuição ativa do Canadá.
Reformas Necessárias e Oportunidades Futuras
A coincidência do sexagésimo aniversário do Prêmio Nobel de Pearson e da Reunião Ministerial da Defesa destaca a afinidade do Canadá com a manutenção da paz. As nações participantes são instadas a fazer novas promessas e contribuir para reformas na ONU, com ênfase notável na participação feminina. Este é um momento propício para reforçar a posição do Canadá como defensor incansável da paz global.
Em suma, o legado de Lester Pearson e o papel pioneiro do Canadá na criação da UNEF não só moldaram a identidade nacional, mas também proporcionaram ao país uma reputação internacional sólida. O compromisso contínuo do Canadá com as operações de manutenção da paz da ONU é essencial para enfrentar os desafios globais, reforçando a visão de Pearson de que a ONU é tão eficaz quanto seus membros permitem. É hora de agir, pois a manutenção da paz não é apenas um pilar da identidade canadense, mas, para muitos, a diferença entre vida e morte.